quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Brasileiro gosta muito de praia.


Um texto escrito de migalhas, assim deveriam ser todas as linhas nessa nossa nobre nação que almeja sediar uma copa mundial em14. O fato é que continuamos os mesmos e a dita “mudança,” tão citada nas mídias televisivas parece sonho tão distante quando nosso vago desejo de redenção. Noventa e seis anos passados desde a seca do quinze, período em que foi criado

o primeiro campo de concentração brasileiro. Sim, meus caros, um campo de concentração para flagelados que deixavam suas “casas” no sertão e que na ilusória busca de comida e água, carregavam suas caveiras à nobre cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará.

E para que essas figuras não atormentassem a sofrida população urbana, nobre classe média cearense e privilegiados com a vista do mar, levantou-se em Alagadiço (norte da capital), o conhecido Curral do Governo, apresentado ao povo como um campo de alimentação e tratamento dos famintos, essas paredes guardaram nada mais, nada menos que oito mil vidas que encarceradas definhavam sob os olhares de guardas armados e também mal alimentados. Parece-me de fato que brasileiro gosta mesmo de praia e principalmente de limpar seus litorais. Mas não pensem que a situação era assim tão dura, pois, é também fato citar que nem todas essas “figuras incômodas” perderam suas vidas no curral de gente, enfiados em vagões de um trem, muitos deles não suportavam a viagem e eram atirados pelo caminho, com ou já sem vida, diferença não fazia. Importante mesmo era ter a certeza de que nenhum retirante alcançasse as capitais, Recife, Fortaleza ou qualquer outro desses nobres paraísos reservados a um público selecionado e não muito diferente dos dias de hoje. Ou você realmente acredita que terá cadeira cativa nas disputas de bola em 2014?

E varrendo os ocorridos, me deparei com a reprise de uma novela sendo exibida durante mais uma dessas longas tardes de sol. Em uma cena a atriz dizia: “Vou ao piscinão de Ramos, onde cada mergulho é um flash!” Interessante de se imaginar, pois essa mesma emissora exibia em 1992 as queixas de pessoas que gritavam sua indignação referente à criação destas áreas de convívio na zona norte do Rio de Janeiro.

Lembro-me bem deste período, pois foi a primeira vez em que ouvi falar no termo “segregação espacial,” e confesso que não fazia idéia do que isso queria dizer. Pois bem, zapeando o youtube descobri um documento especial exibido em 1989, nele retratavam as dificuldades que a população “favelada” carioca sofria quando resolvia ir visitar as famosas praias da zona sul.

Após uma longa viagem de trem, completamente espremidos e sorridentes, essas pessoas enfrentavam uma segunda viagem, porém agora, espremidos em coletivos e ainda sorridentes.

Afinal, quem não quer vislumbrar o paraíso de perto? Interessante também foi verificar a profunda insatisfação relatada pela então classe média quanto ao fato. É isso aí meus caros! A bela classe mais uma vez! Ou será que vocês realmente iriam achar que a garota de Ipanema estaria gostando dessa situação? Mais uma vez me ocorreu, brasileiro gosta mesmo de preservar suas praias. E criou-se o piscinão, área situada na zona

norte, bem distante do cartão postal, local onde os pobres poderiam se divertir, fazer farofas, enfim... Viver suas vidas longe do desconforto em ter que cruzar com a bela área nobre da cidade. Ou vocês preferem outro campo de “convívio”?

Para a construção do piscinão de Ramos, o chão foi revestido com uma camada de polietileno e com capacidade para 30 milhões de litros água. Em volta tem calçadão, ciclovia e quadras esportivas. Até palmeiras da Costa do Sauípe foram trazidas para embelezar. E daí eu

lhes pergunto, e qual terá sido o impacto ambiental causado nessa obra?

É meus caros, tendo em vista toda essa situação, uma única idéia me vem à cabeça nesse momento, brasileiro gosta mesmo de praia e é capaz de horrores afim de preservá-la.

Pense um pouco nisso na próxima vez que desejar dar uma bandinha no Rio de Janeiro, ou até mesmo regozijar-te das belezas litorâneas deste nosso país.


Os Pobres vão à praia:

http://www.youtube.com/watch?v=FZry3YxPL0Y


Seca do quinze:

http://www.fatoexpresso.com.br/2011/03/16/campos-de-concentracao-no-ceara-mais-crueis-que-a-seca/

terça-feira, 12 de julho de 2011

O Chupa Cabra!


Reza a lenda que em março do fatídico ano de 1995, surgiu em Porto Rico um monstro apelidado de “Chupa Cabra.” Porém, há relatos de que el vampiro de moca já tenha atacado em meados de 1975 na pacata cidade de Correntes – Piauí. A lenda deste famigerado ganhou proporções nas mídias brasileiras durante os anos de 1996 à 2000, quando era clara a comoção popular perante esses tremendos atos de crueldade e também aqui em terras tupiniquins.

Por muitos anos, levantou-se hipóteses aterradoras acerca dos atentados... Seriam cultos satânicos, seriam atos ligados à direita conservadora ou à esquerda “vem que vem quicando?”

Eis que uma comissão ultrassecreta, liderada pelo pesquisador nordestino, Firmino Perobas e seus destemidos seguidores (também no twitter), resolveram desvendar por vez esse terrível mistério. E moídos no sonho em provar para as Américas o que estava de fato por trás, pela frente e pelos lados deste lazarento problema, e apoiados pelas “Rapaduras Borges arueira”, deu-se início a essa grande expedição no coração do Brasil.


Dados Oficiais:

Na madrugada de 10 de julho do ano corrente de 2011, na cidade de Puta que Los Pares, fronteira do Brasil com o Acre (que há de ser outro país), realizou-se a fotografia que estão a apreciar. Em verdade, o chupa cabra, tratava-se de um anão, qual disfarçava-se de uma criança de 03 anos de idade. Os ataques ocorriam sempre nas madrugadas e o monstro sugava o sangue de suas vítimas caprinas até o fim.


Revelamos agora e em primeira mão, que embora a imagem realmente assuste, o meliante é inocente. Vítima de sérios problemas de estatura, por conta de sua frágil condição alimentar, o chupa cabra é nada mais, nada menos que mais uma vítima dos grosso trato social destinado aos pares de sua região. Sugava sangue de cabras não por vampirismo, sim para suprir suas necessidades de ferro no organismo debilitado por uma extensa condição de privações alimentares ao longo da vida.


Em entrevista exclusiva ao nosso canal, o mesmo afirma que se chama BARSIL e que se absorvido deixará de famigerar caprinos. Ele prometeu que dedicará sua vida em campanhas de conscientização para melhores escolhas de votos, confessa que na próxima eleição terá fé no futuro e que a dieta caprina tem lhe causado fortes problemas de flatulência.


Nota:

Corria nu mais por fetiche que necessidade.

“Afinal de contas, correr nu é o que há!”

Afirmou o mesmo.





quinta-feira, 19 de maio de 2011

Um Conto Primeiro.


Marina rasga os olhos na pia do banheiro, escova os dentes, enxágua o rosto apagando os sonhos de mais uma dessas noites em que se sonha. Aquece um pão na frigideira... Afinal, não é isso que se come a essa hora no mundo inteiro? Café preto pra outro dia branco, e na televisão anunciam no momento ecumênico: Pois eram aqueles tempos de fria navalha e homens “santos” mendigavam agasalhos.

Ora essa! Eis que em um dia branco e ao amargo dessa hora que precede o trabalho, me invade este senhor a pedir alento a desalentados que nem mesmo ele conhece o arredondado de suas faces?

Pois sim, apanharei o velho casaco que outrora me fora presenteado pelo amado, perdido amor farsante! Aquele que em uma noite chuvosa em lágrimas e ao fintar-me os olhos, me explicou o seu adeus: “Este é um mundo grande para alguém como eu perder meu tempo com figura apequenada como tu.”

Presentearei com igual má sorte a quem da sorte apenas conheceu o azar! E que venha o verão!

Girando a chave, apertando botões no elevador, cruzando as pernas... Lá vai Marina rumo ao planeta produção, momento a deparar-se com hierarquias, conversas vazias e as costumeiras mazelas criadas ao benefício daquela outra sociedade equivocada. Frente a seu edifício, ela atira o velho trapo em uma caixa de papelão.


Do pálido da noite ao anil da manhã e agora ao prateado dos baldes vomitando água frente aos vitrais. Acorda vagabundo! Grita o segurança. É mais um dia de comercio e gurizada frente às vitrines, e suas faces escaveiradas, não hão de surtir belo postal em nosso nobre mirante.

Escorrem os panfletos, escorrem as bitucas de cigarro, escorrem os cães, escorrem as crianças. Afinal, água e sabão estão sempre a purificar de tudo, não é mesmo?

Rua a baixo, vai escorrendo Jebedias, e aos brandos passos, vai imaginando os meios que o levarão a aplacar a fome, companheira tão fiel nesses sete anos de sua existência, deve-se tratá-la muito bem.

Pão pra matar a fome. Afinal, o que será que se come a essa hora no mundo inteiro? Água aniquila a sede, porém, embrulha o vazio do estômago e ainda levam horas até que este dia não vira a metade deste mesmo dia.

A fumaça dos coletivos anunciam, é chegada a noite. E sob vultos, transeuntes, olhares imundos e os costumeiros insultos dos vagabundos na calçada, escorrega Marina de volta a seu lar. De volta a seu quarto, seus posteres e suas estrelas de rock falidos, a televisão e seu velho mundo de sorrisos amarelos e telenovelas vendendo novos sonhos a serem rasgados na pia na próxima manhã.


Frente a seu edifício, um casaco 100% algodão.





segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ao amigo El Xucro que nos deixou em 18 de setembro de 2009. Em uma noite de sexta.



A amizade verdadeira nunca irá esmaecer, não sofre incertezas nem torna-se branda com o tempo. O sol nasce no espaço rasgando a terra tal como o puro olhar vítreo de Deus, fintando amor, compreensão sobre todas as suas formas vivas, fragmentadas e confusas: Maravilhosas formas de vida fruto da sua inspiração e somos nós. Somos aqueles vagando pelos campos ou perdidos em vazios de concreto, pesadelos solitários espaços imensos e somos vida que encanta a todo tempo. Somos a chegada e o sorriso assim como também a partida, falta e pranto mais somos assim mesmo.Filhos e filhas de um mundo em pânico... Eternos espectadores dessa bela caravana de espinhos e flores e somos a vida estampada nessas cores. E somos Deus quando sentimos falta, assim como também é Deus aquele que agora nos deixa em falta. Obrigado amigo. Saudade é humana e somos deuses por senti-la por ti.




Quando o enigma
se ergue em duas pernas
sem ser desvendado
é a nossa vez

Quando as figuras dos nossos sonhos
beliscam a si mesmas
sem acordar
nós somos elas

Pois nós somos o enigma
que ninguém soluciona
nós somos a aventura
presa em sua própria imagem

Nós somos aquilo
que vai e segue adiante
sem chegar
à claridade.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

PROCURA-SE POODLE.


Para relacionamento sério e duradouro...

Ofereço, casa, comida e roupa para lavar. Prometo total dedicação e horas corridas de muita labuta afim de abastecer a casa com ração de melhor qualidade e água fresca. Proponho fidelidade e dedicação e também permito que suba no sofá.
Abro conta na loja de animais garantido banho, tosa e também aqueles vestidos ridículos destinados aos poodles. Não garanto camisas com as cores nem os símbolos da seleção e muito menos as camisas de times de futebol.
Prometo passeios matinais e aos sábados fora da coleira.